Estilo de Vida,Inspiração,Reflexão

Imperfeite-se

Alerta. Esse não é um texto triste. É um texto feliz.

Com o passar dos anos tenho descoberto tanta coisa em mim e tenho desfrutado da mais bela coisa de ver o tempo passar: adquirir autoconhecimento e um bocado de sabedoria.

Sabedoria, para mim, é aprender através das experiências, mas isso não quer dizer que uma pessoa de muitos anos (ou bem vivida) seja sábia, é claro. Autoconhecimento é, por sua vez, reconhecer através da vivência o que se é, mas isso também não pode ser sinônimo apenas de autoafirmação, é mais do que isso.

Fiz 34 anos recentemente. E neste caminhar da vida fui percebendo o quanto eu amo estar onde estou. Aliás, essa sempre foi uma meta da minha vida. Viver ao máximo o meu hoje, crescer com isso e ser o meu melhor no amanhã. E, com esses meus 34 anos, descobri o quanto de mim eu não conhecia e o quanto de mim transformou conhecimento em sabedoria.

Até aqui tudo ótimo, na teoria. O mais doloroso (e também o mais bonito) foi reconhecer que, sim, sou um ser humano cheíssimo de “defeitos”, ou melhor, de imperfeições. Isso porque eu sempre vivi minha vida inteira em busca de perfeições, por mais utópicas e relativas que elas sejam, e eu adoeci muito por conta disso durante todo esse processo. Adoeci de verdade. Não foi fácil. Doeu. E antes fosse apenas no passado, ainda dói.

Aquela história de equilibrar pratos, de sair o tempo todo para arrumar todos os pontos da vida, manter outros, conquistar alguns, tentar ser a sua melhor versão em tudo: cansa, desgasta, enferma. Depois de muito tempo entendi que não é possível ser quem idealizamos ser.

Um dia vou ser uma má pesquisadora. Outro dia uma má filha. Noutro uma má namorada. Outro uma má carnavalesca. Uma má amiga. Uma má atleta. Uma má dona de casa. Uma má o que der pra ser. Uma má qualquer coisa que eu me propor ser. Não há como não ser má em nada.

E ai, além de entender isso, compreendi sobre as minhas imperfeições, como já disse, que ora ora, são muitas. A gente faz trabalhos diários para ser melhor, porém, por vezes, não dá, acabo sendo mesmo quem sou. Não machucando ninguém, não ferindo o mundo e, mais importante, não se automutilando por isso. Ok.

E parece que não, mas tem vários dos nossos “defeitos” (digo sempre entre aspas) que acabam sendo as nossas maiores virtudes. Ser como sou em integridade me torna um ser único e especial.

Eu poderia estender esse diálogo por horas, porém a essência é essa. O tempo passa e a gente conhece, se reconhece, se conhece de novo e segue em frente.

Autoconhecimento não é acender uma vela e cuidar da pele do rosto. Sabedoria não é acumular conhecimentos e mostrar que os sabe.

É sempre mais e às vezes não é tudo 100% bonito e perfeito.

Saber a cada dia que passa tudo isso é viver em paz.

É liberdade. É se tornar livre.