Para mim, o maior problema da humanidade atual é as pessoas se sentirem mais importantes do que deveriam. Não sei se é o maior problema, mas com certeza é um dos maiores.
E não estou aqui para dizer que não somos importantes como indivíduos. Ora, ora. Claro que somos. Todas as vidas importam e importam muito. Cada ser humano é um universo e é um indivíduo único em contextos, em trajetórias, em biometria.
O negócio é que as pessoas não ficam mais em paz com o sentido de que se elas vão embora ou se ela não existissem o mundo continua girando e as pessoas ao seu redor continuam vivendo. Há muita angústia e muita beleza nisso. Não somos substituíveis, mas nosso entorno sobrevive sem nossa presença: a natureza, nossos filhos, nossos pais, nossos amigos, o país, o nosso grupo de trabalho, nosso maior amor.
As pessoas, por outro lado, por não saberem lidar com esta angústia, ficam o tempo inteiro buscando formas de auto afirmação do relevante que é ser elas, da importância que é a sua vida e caem num buraco de auto validação que é frágil e mesquinho. Isso é mais potente ainda num planeta conectado e hiper exposto como se é nos dias atuais.
Pense. O quão o mundo seria mais humano se compreendêssemos a nossa sutilidade e ao mesmo tempo inutilidade. Entender que somos únicos e ao mesmo tempo que a vida continua sempre… nos faz entender que tudo bem partir (seja com a morte ou sem ela) e também deixar as coisas e pessoas partirem. Na minha opinião, muitas doenças mentais seriam curadas e muito gasto econômico e exorbitâncias ambientais seriam evitados se isso fosse claro a todos.
Mas quem sou eu na fila do pão e de que importa a minha análise de tudo. Vou viver com essa ideia de que se sentir mais um e ficar bem com isso é mais valoroso que se achar um máximo, um rei, um influencer, um bacana.
Com certeza, há um vácuo bem grande nessa falsa grandiosidade da vida.
