Reflexão

Carnaval e ativismo: pela descriminalização e legalização da maconha!

Pular carnaval vai muito além de uma festa popular, é historicamente um ato político.

Ali podemos vestir nossas fantasias e debochar de algo rídiculo da nossa sociedade (como as Barbies fascistas, que vieram a tona nesse carnaval e que retratam um setor de nossa sociedade), mas também para levantar pautas mais progressistas que por vezes são tabu e difíceis de dialogar em dias normais (quem dirá em tempos como esses em que estamos vivendo).

Esta foto lindona foi meu ato no Bloco Planta na Mente no Rio de Janeiro, eu e mais centenas e milhares unidos numa causa: “descriminalização das drogas” e “legalização da maconha”. Acreditamos que o mundo fica bem menos violento e mais feliz assim.

Eu lembro que no carnaval depois dessas fotos nos stories eu fui questionada por duas pessoas (que não conheço pessoalmente) se eu não tinha medo de ser julgada depois de postar “essas coisas”.

“Essas coisas” eram minha bunda de fora em conscientização como “meu corpo, minhas regras” ou “meu corpo não é objeto sexual” e o meu ato pró-legalização das drogas.

Medo?
Eu disse que “não”. Não tenho medo de ser julgada. Posso perder seguidores nessas lutas da vida?! Posso. Nas eleições perdi um monte. Quem quer ver a Pati apenas good vibes e viajante sem militar e lutar por seus ideais, vai ver a Pati apenas como um personagem.

Eu sempre digo isso e repito a quem precisar ouvir. Pode parecer prepotente, mas não é. Mas… O Brasil precisa de mim.

Vida de blogueirinha e instagramer é coisa boa, mas a gente tem que ter propósitos maiores.

O Brasil não precisa de mim porque eu seja foda ou qualquer coisa assim. O Brasil precisa de mim porque ele acreditou em mim. O Brasil investiu (e ainda investe) seu tempo e seu dinheiro em mim.

Eu poderia ter sim sido investida por 6 anos pra ser engenheira, 1 ano de graduação fora do país. Eu poderia ter feito meu mestrado e tudo que fiz com dinheiro público e caído fora. Durante 10 anos eu tive dinheiro público pagando minha universidade e estudos. E por isso que eu tenho que falar.

Eu tenho o DEVER em quanto cidadã de retribuir tudo que cada brasileiro fez e faz por mim. E estudar e lutar pelo progresso do país.

E sim, é através das pesquisas acadêmicas que faço e militância social é que vejo a minha forma de contribuir. Porque de novo, eu poderia ser totalmente egocêntrica, ter meus estudos pagos, ido morar na Europa ou fazer minha vidinha alheia no Brasil e tudo bem, mas isso não é o justo.

O Brasil precisa de mim. O Brasil precisa de nós da UFABC, das universidades federais. O Brasil precisa de você.

 

Ok, mas por que então estamos na luta?

Vou deixar aqui um post bem claro do Dep. David Miranda ­sobre:

“MEUS 10 MOTIVOS PARA LEGALIZAR A MACONHA

1. A FAMIGERADA “GUERRA ÀS DROGAS” É, NA VERDADE, UMA GUERRA AOS JOVENS, NEGRXS E POBRES
Não é de hoje que a dita “guerra às drogas” tem seu alvo predileto nas comunidades, vilas e periferias.
Claudias, Amarildos, DGs e tantos outros, que foram assassinados pelas mãos do estado, são o resultado de uma política que legitima a criminalização da pobreza.

2. MILHÕES SÃO GASTOS PARA REPRIMIR O TRÁFICO, MAS ELE SÓ AUMENTA
Todos os anos são gastos milhões em armamentos e operações que dizem “combater” o tráfico de drogas. São sempre grandes ações midiáticas que prometem “varrer a criminalidade e trazer paz às comunidades”. A realidade, é bem diferente!
Hoje, podemos dizer que, estamos “enxugando gelo”. Para cada pequeno pequeno traficante preso, o tráfico tem mais 10 esperando no banco de reservas.
Essa oferta toda só acontece por que existe demanda. E a demanda só aumentará enquanto o tema for tabu e não houver uma educação para o uso das drogas.

3. COMBATER, DE VERDADE, O CRIME ORGANIZADO
Como foi dito no ponto anterior, a repressão não consegue, de fato, fazer um efetivo combate ao tráfico de drogas.
Analisando o exemplo uruguaio e de outros países, fica evidente que combater o tráfico, de verdade, não se trata de dar “tiro, porrada e bomba” dentro da favela, mas sim roubar o que é mais preciso para ele: o mercado.

4. REDUÇÃO DE DANOS – PARA O USUÁRIO E PARA A SOCIEDADE
A simples regulamentação da produção, distribuição, venda e consumo por si só já reduz muitos danos históricos de nossa sociedade. A violência, o tráfico e a corrupção policial são exemplos de problemas que tendem a diminuir.
Mas também temos que pensar nos danos sofridos especificamente pelos usuários de drogas ilícitas. Estes estão submetidos a um mercado que não tem regulamentação nenhuma e podem estar comprando maconha (ou outra droga) misturada com qualquer outra coisa.
Pensar na saúde é pensar em todxs!

5. FIM DA SUPERLOTAÇÃO DE PRESÍDIOS
Não sendo mais crime cultivar, portar, vender e distribuir maconha teríamos uma drástica diminuição de detenções e prisões. Ainda poderíamos pensar numa anistia a todos aqueles que foram presos exclusivamente por esses motivos.
Afinal, cadeia não é a solução!

6. USO MEDICINAL
A Maconha não contem apenas substâncias que dão prazer e servem de recreação. Existem nela, também, diversas outras propriedades com potencial medicinal, o mais famoso é o Canabidiol (CBD) que tem auxiliado no tratamento de inúmeras doenças como: Câncer, glaucoma, esclerose múltipla etc.
A agencia Nacional de Vigilância Sanitárias, a ANVISA, órgão responsável por fiscalizar e aprovar as substâncias que podem e que não podem circular em território nacional, recentemente liberou a importação do CBD, mas ainda proíbe a produção em terras nacionais. Isso mostra uma grande incoerência, pois segue sendo proibido no Brasil, mas legitima-se a produção em território estrangeiro.

8. MACONHA COMO PORTA DE SAÍDA
Muitos se referem a maconha como porta de entrada para o mundo das drogas. Os maconheiros, por outro lado dizem que “no máximo ela pode ser considerada porta de entrada da geladeira”, referindo-se a fome (larica) que dá depois de fuma-la.
A verdade é que a porta de entrada para o dito “mundo das drogas” está mais perto do que imaginamos. É o açúcar no leite, o café e aquele golinho de cerveja dado pelo pai em casa.
Sabemos que existem nas drogas diversos graus de viciabilidades e potencialidades destrutivas. Não há dúvida que o Crack é uma dessas drogas pesadíssima.
Pois bem, a Universidade Federal de São Paulo realizou pesquisa com 50 dependentes químicos de crack que foram submetidos a um tratamento experimental de redução de danos. Sob a coordenação do psiquiatra Dartiu Xavier, o grupo foi tratado com maconha. Daquele total, 68% trocou o crack pela maconha. Ao final de três anos, todos o que fizeram a troca não usavam mais qualquer droga (nem o crack, nem a maconha). Anotem aí: todos.

9. A GUERRA “ÀS DROGAS” MATA MAIS QUE AS PRÓPRIAS DROGAS
É isso mesmo, sob o pretexto de acabar com aquilo que “acaba” com você, acabam com você. Irônico, mas essa é a lógica da “guerra às drogas”.
Diversos estudos já comprovaram que não existe óbito por uso de maconha, por outro lado, não podemos dizer o mesmo da polícia. Essa mata mesmo!

10. MEU CORPO: MINHAS REGRAS
E por fim, o estado não deveria ter o direito de dizer o que um adulto pode ou não fazer com o seu próprio corpo.
Fumar maconha traz danos sim, não sejamos inocentes e românticos. Mas nós, tendo ciência disso temos que ter o direito de decidir se queremos ou não correr o risco.”

Bora mudar isso?